SUPERQUINTA (3)

SÃO PAULO (mexida braba) – Para terminar por hoje, o mercado de pilotos. Às fotos dos cinco aí em cima poderíamos juntar as de Verstappen e Vettel. Mas vamos nos ater aos fatos mais concretos. Max e Seb ainda dependem de muita, muita conversa. Um para mudar de time, outro para voltar a correr. Ambos poderiam ter como destino a Mercedes. Mas ainda tem o “fator Newey” a influenciar qualquer decisão que Toto Wolff venha a tomar. Talvez demore um pouco.

Portanto, vamos a algumas caixinhas para vocês se situarem melhor.

STROLL POR TSUNODA – O péssimo ano de Lance Stroll pode não ser suficiente para a Aston Martin demiti-lo. Afinal, ele é filho do dono da equipe, e o pai não vai mandar o rapaz para o olho da rua. Mas pode tentar convencê-lo a fazer outra coisa. Lance se tornou um corpo estranho à F-1. Não tem amigos, comete erros bizarros, não tem desempenho, apanha de Alonso todo fim de semana e a fama de mau piloto só aumenta — embora ele tenha tido bons momentos no começo da carreira, com pole e pódios no currículo. A batida em Daniel Ricciardo na China pegou muito mal. A impressão geral no paddock foi: já deu. Em 2026, como se sabe, a Honda passará a fornecer motores para a Aston Martin. E os japoneses gostariam — mas não exigem — de indicar um de seus pilotos. Alonso já renovou. Yuki Tsunoda está na pista. Faz um bom campeonato na filial da Red Bull e cairia como uma luva para atender aos desejos da montadora. E Stroll? Uma solução possível seria oferecer a ele uma vaga na equipe de fábrica da Aston Martin no WEC. Ele correria menos por ano, com carros maiores e divertidos, não seria o fim do mundo. O plano está em marcha.

HULK NA AUDI – É questão de semanas um anúncio oficial. Nico Hülkenberg deverá mesmo ser um dos pilotos da Audi. Ele já assumiria um carro da atual Sauber no ano que vem e teria um contrato de três temporadas. Alemão, experiente, pode ajudar bastante na instalação da operação de Ingolstadt na F-1. O outro nome desejado segue sendo o de Carlos Sainz. A Haas, se perder Hulk, não terá problema algum para preencher a vaga. Oliver Bearman, jovenzinho que disputou o GP da Arábia Saudita pela Ferrari, entra no lugar dele com o apoio da equipe italiana, sua parceira técnica.

BYE, SARGEANT – O GP de Miami pode ser o último de Logan Sargeant na F-1. A Williams deu a ele uma chance de fazer a segunda temporada, apesar das barbeiragens do ano passado, mas ele continua o mesmo. Erra muito, bate, roda sozinho, se enfiou num poço sem fundo. A paciência da equipe se esgotou. Ele corre nos EUA porque seria chato tirá-lo de uma corrida no próprio país. Mas a partir de Ímola, já era. A Mercedes quer colocar o adolescente Andrea Antonelli, sua maior aposta, na Williams. Há um problema para resolver: o moleque só faz 18 anos em agosto. Sargeant só sobrevive se “Kimi”, apelido de Antonelli, for vetado pela FIA por causa da idade. O meninote, atualmente, disputa a F-2. E a Mercedes não descarta sua promoção a titular em 2025 para o lugar de Hamilton. Isso, claro, se a “Operação Verstappen” elaborada por Toto Wolff não der certo.

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SUPERQUINTA (2)

Newey: decisão tomada de sair no fim do ano

SÃO PAULO (buemba!) – Esta é, sem dúvida, a notícia do dia na F-1. E, faz-se necessário dizer, apurada por JORNALISTAS DE VERDADE, e não instagramers, influencers, tiktokers, xers e youtubers que vivem de sugar aquilo que a imprensa profissional produz. Faço a ressalva por desagravo, mesmo. Essa malta de redes sociais drenou o financiamento do jornalismo. As verbas publicitárias, hoje, estão alocadas nos perfis dos que fazem dancinhas, gracinhas e “memes”. Os leitores também preferem tais baboseiras à informação real. Jornalistas são demonizados e preteridos em eventos. Mas, na hora em que precisa informação real, trabalho, apuração, fontes, é ao repórter que todos recorrem. Viva a reportagem!

Dito isso, vamos à notícia.

Adrian Newey já decidiu deixar a Red Bull no final deste ano. Quem publicou a bomba foi a versão eletrônica da revista alemã “Auto Motor und Sport”. Outros veículos, como a BBC e a “Autosport”, ambos da inglaterra, confirmaram com suas fontes. O mago das pranchetas, que projetou 12 carros campeões mundiais e está na Red Bull desde o início da vida da equipe, em 2005, se cansou do ambiente tóxico de Milton Keynes.

O caldo começou a entornar em fevereiro, quando surgiram as primeiras denúncias de assédio sexual contra o chefe Christian Horner. Aqui é preciso contextualizar. A morte de Dietrich Mateschitz, em outubro de 2022, abriu uma guerra interna na empresa. O austríaco, fundador da Red Bull, sempre cuidou diretamente das coisas da F-1. O lado tailandês da companhia nunca se meteu muito com corridas. Mais contexto: 51% das ações da Red Bull pertencem à família do criador da bebida energética, Chaleo Yoovidhya, a quem Mateschitz conheceu numa viagem à Tailândia nos anos 80. Ele experimentou a bebida Krating Daeng, invenção de Yoovidhya, gostou, propôs sociedade e assim tudo começou.

Mateschitz, dono de 49% da Red Bull, sempre teve no ex-piloto Helmut Marko seu homem de confiança nas operações de esportes a motor. Já Horner, muito competente na função de chefe da equipe, nunca gostou da influência de Marko no time. Mas aturava, já que o padrinho do desafeto era ninguém menos que o dono da firma. Após a morte do empresário, Horner se aproximou do lado tailandês da Red Bull com a clara intenção de assumir o controle da equipe — comprando parte dela. Assim, iria afastando Marko aos poucos.

Então estourou o escândalo do assédio sexual, pouco antes da abertura do campeonato deste ano. A Red Bull — a empresa, não a equipe — abriu uma investigação interna e depois de algumas semanas informou que as denúncias da funcionária que acusava Horner não eram consistentes. E ainda afastou a moça de suas funções. Sua identidade nunca foi revelada.

Nessa hora, foi aos tailandeses que Horner acorreu por apoio — e eles se aliaram ao chefe do time. Já a facção austríaca, agora comandada pelo filho de Mateschitz, Oliver, juntou fileiras com Marko e com a família Verstappen para torpedear o dirigente inglês. Jos, pai de Max, falou que Christian tinha de sair da equipe, senão ela “explodiria”. O piloto, por sua vez, ameaçou deixar a Red Bull se Marko saísse. Dirigentes de equipes rivais viraram seus canhões para Horner exigindo “transparência” nas decisões da Red Bull. Os ânimos se acirraram.

No meio desse tiroteio, o plácido e genial Newey se sentiu incomodado. Ele se cansou da bagunça, das brigas, intrigas e desavenças. E também não vê com bons olhos o poder cada vez maior que Horner concede a dois nome de sua equipe de engenharia, o francês Pierre Wache e o italiano Enrico Balbo. Christian, neste momento, tenta convencer os sócios majoritários tailandeses que com esses dois projetistas consegue se virar tranquilamente. E que a saída de Newey não seria sentida pela Red Bull.

Adrian, 65 anos, de acordo com as publicações europeias, já tomou a decisão de ir embora. Ele tem compromisso com a Red Bull até o fim de 2025, mas isso não é propriamente um problema. Paga uma multa rescisória, cumpre quarentena — se estiver prevista em contrato — e acabou. Claro que não ficará cinco minutos desempregado. Neste exato instante, Mercedes, Ferrari e Aston Martin estão mandando mensagens para o engenheiro britânico.

A estratégia de Toto Wolff é agressiva: arrancando Newey da Red Bull, acredita que leva junto Verstappen. E topa até pegar Marko — para ser um novo Niki Lauda no time. O holandês não quererá ficar na sua atual equipe sem o gênio de Newey e, principalmente, sem o veterano guru e amigo. Seria a ruína da Red Bull, para gáudio de Wolff — que odeia Horner. Já a Aston Martin acena com dinheiro, mesmo, que virá da Aramco, a petroleira estatal saudita. É só fazer o preço que os árabes pagam. E ainda colocam Newey para trabalhar no hipercarro da marca para Le Mans, algo que ele sempre curtiu.

E a Ferrari?

A Ferrari tem camisa. Tem história. Tem tradição. Tem mística.

E terá Hamilton.

As cartas estão na mesa.

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SUPERQUINTA (1)

SÃO PAULO (fervendo) – Dia cheio de notícias hoje na F-1. Para dar volume a este empoeirado blog e ver se vocês se animam a comentar as coisas, vamos lá, uma nota para cada.

Começo com o mais esperado em curto prazo: o layout da Ferrari para o GP de Miami. Vai de azul, já sabemos, mas como será a pintura? Uma pista está abaixo, circulando nas redes sociais como “vazamento”. Não dá para saber qual a origem. Podem ter sido criadas por alguém com base na própria imaginação. E podem ter vazado. Essas imagens costumam vazar, mesmo — muitas vezes de propósito, como fazem as marcas esportivas com uniformes de futebol.

Seja como for, no máximo no começo da semana que vem a Ferrari tornará tudo público. E não acho que será muito diferente disso, não. Faz parte.

E tem um detalhe irrelevante, mas saboroso… Esse azul mais escuro, igual ao que a NART usou em 1964 (leia aqui) nos GPs dos EUA e do México, se chama Azzurro Dino (cor usada em carros de rua, nome em homenagem ao filho mais querido de Enzo Ferrari). O azul claro dos uniformes já apresentados pela Ferrari, por sua vez, é o Azzurro La Plata, numa referência ao tom usado na bandeira da Argentina. Por que Argentina? Bom, se vale a dica, a primeira vitória da Ferrari na F-1 foi de um certo José Froilán González, no GP da Inglaterra de 1951… Acho que não precisa dizer mais nada.

Vocês devem ter notado nas imagens acima o logotipo da HP nas laterais. Pois bem. Esta semana Ferrari e a marca de computadores fecharam um megacontrato de patrocínio válido por muitos anos (“parceria histórica e duradoura”) que vai render uma fortuna a Maranello — não sei quanto. A HP passa a colocar seu nome no título oficial da equipe, que agora se chamará Scuderia Ferrari HP. Assim será inscrita a partir da próxima corrida do Mundial.

Esse acordo vazou no começo da semana em publicações inglesas de negócios. O anúncio oficial, então, acabou sendo precipitado. Hoje a HP me mandou um press-release com a imagem abaixo, obviamente alterada digitalmente, para confirmar tudo que vem sendo publicado.

A parceria inclui, além dos “naming rights” — que custam caro pra cacete –, “a integração de produtos e serviços de alto desempenho da HP, incluindo PCs e dispositivos, tecnologias de videoconferência e capacidades de impressão”. Vão rolar uns laptops e umas impressoras, tudo novinho. Deve sobrar cartucho original, também. Se sobrarem uns 662, eu aceito.

Segundo os especialistas em business da imprensa britânica, financeiramente o acordo entre Ferrari e HP equivale ao que tem a Red Bull com a Oracle. A grana vem em boa hora para o time italiano. No ano que vem, Maranello tem um salário razoável para pagar a Lewis Hamilton. E talvez outro a uma figura que não custa muito barato, e que está na próxima nota.

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FOTO(S) DO DIA

SÃO PAULO (como a Terra) – Foi em 1964 que a Ferrari, em litígio com a FIA, não se inscreveu para os GPs dos EUA e do México como equipe própria. North American Racing Team foi como o time entrou para as corridas, usando o nome da equipe de um amigo de Enzo Ferrari radicado nos EUA. E o dono, Luigi Chinetti, escolheu o azul e o branco para pintar os carros. Foi de azul que John Surtees conquistou seu título no México — primeiro piloto campeão mundial de motos e de F-1.

Em Miami, na próxima etapa do campeonato, a Ferrari vai de azul para lembrar os 60 anos daquele momento e os 70 de sua chegada ao mercado norte-americano. Por enquanto, o que temos são os uniformes dos pilotos. A Ferrari usou macacões azuis até os anos 70.

A curiosidade de todos para saber como será exatamente a pintura dos carros de Leclerc e Sainz é enorme. Serão detalhes ou o carro todo? Saberemos em breve.

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SOBRE ONTEM DE MADRUGADA

A IMAGEM DA CORRIDA

Zhou diante de seu público: fofo

SÃO PAULO (tá valendo) – Li e ouvi muita coisa sobre um certo “boom” da F-1 na China depois de cinco anos sem corrida. Que o público antes não era grande coisa, que neste ano tudo foi incrível, divino e maravilhoso. Devagar com o andor. Um enorme setor de arquibancadas segue fazendo a função de outdoor gigante lá pelos lados da grande reta. Não vi na transmissão oficial nenhum anúncio pirotécnico de recorde de público. Não sei quantas pessoas estiveram no autódromo, mas pelo que consegui encontrar na imprensa chinesa de língua inglesa, em texto sem citação de fonte, foram cerca de 60 mil torcedores. Interlagos recebe mais gente.

Estava mais cheio do que a gente consegue se lembrar? Aparentemente sim. E a razão é Guanyu Zhou, o moço da Sauber que, ao final da corrida, depois de um discretíssimo 14º lugar, ganhou dos organizadores e dos puxa-sacos da Liberty a primazia de estacionar no grid para saudar o público. Ironia, Lando Norris, o segundo colocado, parou nos boxes — esqueceu que tinha de levar o carro para o meio da reta, como fazem sempre os três primeiros em cada GP.

Zhou é o primeiro chinês da F-1. Consequentemente, o primeiro chinês a correr na China, como também o primeiro chinês a correr em todos os outros países do calendário. Não é nada de mais, nem de menos. Um piloto apto a estar na categoria, provavelmente melhor do que um ou dois no grid atual. Mas é chinês. E em todos os países, especialmente aqueles mais distantes do universo do automobilismo ocidental, os torcedores locais se orgulham de ver um representante na pista.

É o caso da China, que não tem corrida de coisa nenhuma, até outro dia nem automóvel fabricava — quando estive lá pela última vez, em 2008, só tinha Santana na rua; sim, Santana da Volkswagen, como os nossos. As coisas acontecem de modo muito acelerado na China, hoje são os maiores fabricantes de carros elétricos do mundo, empresas multinacionais se instalam lá, cidades brotam do nada, estão dominando o planeta graças à Shein e à Shopee. Por isso, um piloto chinês chegar à F-1 é mesmo uma façanha pessoal, e todo o crédito a Zhou, que 20 anos atrás, garotinho, viu a categoria em seu país pela primeira vez. É uma bela jornada, sem dúvida.

Temos o mau hábito de tratar com desdém pilotos de países que nós, ocidentais branquinhos e cheirosos, consideramos exóticos. Principalmente se não falam inglês e têm olhinhos puxados. Tem sido assim, historicamente, com todos os japoneses. Mas nos esquecemos que o Japão tem um automobilismo forte e já produziu pilotos bons, sim. Da mesma maneira, do Japão saíram Honda, Bridgestone, Yamaha, Toyota, Kawasaki, Nissan, Suzuki, marcas envolvidas até a raiz no esporte a motor. OK, tivemos uns caras meio barbeiros, como Taki Inoue, Yuji Ide, Toranosuke Takagi, Sakon Yamamoto. Mas, até onde me lembre, Nicholas Latifi, Logan Sargeant, Nikita Mazepin e Mick Schumacher não bebem saquê quente, nem comem arroz com hashi. É tudo farinha do mesmo saco. Panko.

Quanto a Zhou, ele cumpre de maneira correta suas funções. E a homenagem a ele no grid não foi apenas uma atitude fofinha. A China é um mercado importante para a F-1. Por isso, não se espantem se ele ficar na Sauber-que-vai-virar-Audi no ano que vem.

Aliás, é onde a turma de Ingolstadt mais vende carros no mundo.

PONTOS – Aí estão as tabelas de pontuação da temporada depois de cinco etapas. E preparem-se: ano que vem, os 12 primeiros de cada GP deverão pontuar. Hoje são, como se sabe, os dez primeiros — sistema adotado em 2010, com ponto extra da melhor volta a partir de 2019 e pontos da corrida curta, a Sprint, a partir de 2021. A ordem é 25, 18, 15, 12, 10, 8, 6, 4, 2 e 1. O novo sistema prevê a mesma pontuação do primeiro ao sétimo. Do oitavo ao 12º teremos 5, 4, 3, 2 e 1. Para quê? Motivar mais carros no grid a buscarem pontos para não dependerem das posições “zeradas” para desempate. Atualmente, um piloto que faz um único ponto e abandona 23 corridas na temporada termina o campeonato à frente de outro que, por exemplo, termina 24 vezes em 11º. E acho que isso tem a ver com a possível chegada de mais uma equipe. O negócio da Andretti esfriou, mas o grupo acaba de inaugurar uma fábrica muito bonita na Inglaterra. Vão acabar se acertando. Acho.

SEM-VITÓRIA – Nico Hülkenberg tornou-se, na China, o piloto com mais GPs disputados sem conseguir uma vitória na F-1. Ele, agora, está empatado com Andrea de Cesaris (1959-2014). São 208 provas no lombo e nenhum triunfo. O italiano, pelo menos, conseguiu cinco pódios na carreira. O alemão, nem isso. Seus melhores resultados foram três quartos lugares — Bélgica/2012 e 2016 pela Force India e Coreia do Sul/2013 pela Sauber. Apesar do currículo pouco emocionante, Hulk segue sendo cotado pela Audi para liderar seu projeto na F-1 caso as negociações com Carlos Sainz empaquem de vez.

PANELA VELHA – Fernando Alonso fez a melhor volta de um GP pela 25ª vez na carreira, empatando com Mika Hakkinen no top-10 da história nessa estatística. Estava empatado com Niki Lauda. O recordista é Michael Schumacher, com 77. Entre os pilotos em atividade, quem tem mais é Lewis Hamilton, 65.

O NÚMERO DA CHINA

26

…é o número de pistas diferentes nas quais Max Verstappen venceu na F-1. O recordista é Hamilton, que ganhou GPs em 31 circuitos. Das pistas que fazem parte do calendário atual, Max só não ganhou em Singapura.

Verstappen: vitórias em 26 circuitos

A FRASE DE XANGAI

“Aparentemente sou um idiota e foi culpa minha. Isso faz meu sangue ferver. Estou me segurando para não dizer, mas vou: foda-se esse moleque!”

Daniel Ricciardo, sobre Lance Stroll
A batida de Stroll em Ricciardo: australiano não se conformou

Ricciardo até que fazia uma corrida honesta, com alguma chance de chegar nos pontos, quando foi abalroado por Stroll durante o safety-car. Não tem muito o que discutir: o canadense da Aston Martin estava desatento e fez barbeiragem — mais uma. Levou punição de 10s, assim como Magnussen, que bateu em Tsunoda, e Sargeant, que fez uma ultrapassagem sob safety-car. Lance cumpriu num pit stop, enquanto os outros dois tiveram o tempo acrescido ao final da corrida. Ricciardo, coitado, vai carregar três posições no grid da próxima etapa, por ter feito uma ultrapassagem com safety-car na pista. Como não terminou a prova, terá de cumprir o pênalti em Miami.

GOSTAMOS & NÃO GOSTAMOS

GOSTAMOS do segundo lugar de Lando Norris, que fez apenas uma parada e conseguiu administrar muito bem o desgaste de pneus. O inglês da McLaren também foi bem no sábado ao fazer a pole para a Sprint, embora não tenha aproveitado muito — chegou em sexto. De qualquer forma, terminou o fim de semana com 21 pontos, o mesmo que Pérez e menos apenas do que Verstappen, que marcou 33. Piastri, seu companheiro, fez só seis. Não à toa, Norris ganhou o prêmio de Piloto do Dia do amigo internauta.

NÃO GOSTAMOS da Ferrari, que pela primeira vez no ano não chegou ao pódio, embora tenha conseguido uma boa pontuação (31, contra 54 da Red Bull) graças à Sprint. A equipe esperava mais. De qualquer forma, segue em segundo na classificação com alguma folga: 151 pontos, contra 96 da McLaren, a terceira colocada.

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ENCHE O TANQUE

Fotos do nosso blogueiro Roberto Tetsuo Sakayanagui, que pelo nome, desconfio, descende de japoneses. A mensagem dele está aí embaixo:

Olá Flavio! Estive recentemente no circuito de Motegi, no Japão. O mesmo onde Danica Patrick teve sua única vitória na F-Indy (na parte do oval, que me pareceu estar desativado, sem uso). Pois bem no centro do circuito há uma solitária bomba de combustível. Um cara tinha acabado de encher um galão e estava correndo de volta aos boxes. Estava acontecendo algum treino com carros de fórmula 4, ou 3, não sei ao certo, mas tinha uns 15 carros na pista…

Achei as imagens da pista vazia meio melancólicas. Sempre acho melancólicos autódromos vazios…

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XING-LING (4)

Sorriso de quem só ganha: 58 vitórias na carreira, quarta no ano para Verstappen

SÃO PAULO (lovely) – Se Max Verstappen tiver na parede um daqueles mapas-múndi em que a gente vai colocando alfinetes para assinalar alguma coisa, hoje espetou o 26º para marcar mais um circuito onde venceu na Fórmula 1. O holandês ganhou o GP da China, prova que estava fora do calendário desde 2019 por causa da pandemia. Completou, assim, o que a gente pode chamar de barba, cabelo e bigode no fim de semana de Xangai. No sábado, venceu a Sprint e fez a pole-position para a prova principal. No domingo, ganhou a corrida. Com a tranquilidade esperada. Foi a 58ª vitória de sua carreira, quarta no ano em cinco etapas disputadas. Lando Norris, da McLaren, foi o segundo colocado. Sergio Pérez, parceiro de Verstappen na Red Bull, completou o pódio.

A prova chinesa foi disputada com tempo nublado e 19°C de temperatura. Apesar das estratégias de pneus terem variado bastante ao longo das 56 voltas, a maioria dos pilotos — 16 de 20 — optou por largar com os compostos médios, os que se adaptaram melhor ao asfalto do circuito chinês. Só um largou de duros — Kevin Magnussen, da Haas. Três foram de macios: Lance Stroll (Aston Martin), Lewis Hamilton (Mercedes) e Yuki Tsunoda (Não Tá Passando a Senha).

Largada em Xangai: Alonso foi esperto e passou Pérez

Faster than a bullet from a gun, Verstappen não deu a menor chance a ninguém quando as luzes se apagaram dando início ao GP da China. Nem tchauzinho deu. Pulou na frente e, como se diz, só foi. Fernando Alonso também largou muito bem e passou Pérez, para se colocar entre os dois carros da Red Bull. Nico Hülkenberg, um pouco mais atrás, almoçou as duas Ferrari – refeição rápida, porque logo depois Charles Leclerc, Carlos Sainz e também Stroll deixariam o alemão da Haas para trás. Na Se Quiser Pode Parcelar, Daniel Ricciardo caiu de 12º para 15º e Tsunoda subiu de 19º para 16º. Ninguém bateu.

Max abriu 4s sobre Alonso nas quatro primeiras voltas. Checo só conseguiu passar o espanhol na quinta volta, colocando ordem no pelotão. Na turma do fundão, Hamilton, que largara em 18º, levou um ano para passar Magnussen – o que dá bem a medida da desgraça de carro que tem a Mercedes nesta temporada.

O showzinho de El Fodón del Auto Verdón durou mais um pouco, até a volta 8, quando Norris também conseguiu ultrapassar o espanhol para assumir o terceiro lugar. A caminhada de Fernandinho em busca de um pódio seria árdua. E, no fim, não daria muito certo.

Alonso: bom início, sétimo no final

De falta de ultrapassagens no começo da corrida o público em Xangai não podia reclamar. Com longas retas e generosos trechos para uso de asa móvel, elas se sucediam em bom volume, embora sem muita disputa. A dupla ferrarista, por exemplo, deixou George Russell na saudade nas voltas 9 e 12 – primeiro foi Charlinho, depois veio Carlinhos, quando o inglês foi para os boxes. Leclerc também passou Norris, mostrando um bom ritmo de corrida dos carros vermelhos enquanto os pneus não abriam o bico. No ano passado, a Ferrari só andava bem em classificação. Neste, as coisas mudaram.

Naquela altura, os primeiros pit stops já começavam a dar trabalho aos mecânicos nos boxes. Hamilton foi um deles. Pouco depois vieram Alonso e Russell. O primeiro trocou para duros; o segundo, para médios de novo. Seriam pelo menos duas paradas para a maior parte do grid, com compostos diferentes em momentos distintos sendo escolhidos por cada um. “A estratégia é de vocês” – Schmidt, Tadeu.

Na volta 14, Verstappen, que tinha mais de 10s de vantagem sobre Pérez, parou e colocou pneus duros. O companheiro fez o mesmo. Norris, assim, assumiu a ponta, com Leclerc em segundo. Max, em terceiro após o pit stop, não levou muito tempo para chegar no monegasco. Passou sem esforço algum.

Parada de Russell: táticas diferentes

Registrem-se, neste momento, duas comunicações radiofônicas curiosas. Empacado atrás de Esteban Ocon, Hamilton falou para seu engenheiro que não conseguia passar o Clio azul do francês. “Este carro é muito lento, parceiro”, disse. Imaginem a alegria da cúpula da Mercedes com tal declaração de cunho público. Leclerc, por sua vez, recebeu a sugestão de seu engenheiro para aplicar o “plano D” na corrida. Demorou a responder, porque não lembrava direito quais eram o A, o B e o C. Imaginou-se, na hora, que seria fazer a prova toda com apenas uma parada. Na dúvida, ficou na pista.

Verstappen retomou a liderança em cima de Norris na volta 20. Na seguinte, Bottas parou com o motor quebrado. Se um safety-car fosse acionado ali, as coisas ficariam interessantes para Leclerc e Norris, que não tinham parado. Mas não foi o caso. A direção de prova instituiu apenas o regime de safety-car virtual. Charlinho, de qualquer maneira, aproveitou o ensejo e foi para os boxes. Voltou em quinto. Lando foi chamado pela McLaren e também usufruiu do período com os carros mais lentos, enquanto o Sauber de Bottas era retirado da área de escape – não sem alguma dificuldade, já que o automóvel parecia estar com o câmbio engatado.

E por isso mesmo, pela demora, colocaram um safety-car de verdade na pista na volta 24. Verstappen e Pérez foram para os boxes. Alonso & outros fizeram o mesmo. Aqui cabe anotar a estranha estratégia do espanhol: pneus macios. Retomou a corrida em sétimo. Max, Norris, Leclerc, Pérez, Oscar Piastri e Sainz eram os seis primeiros. Com as paradas, 17 dos 19 que estavam na pista calçavam pneus duros – a ideia era ir até o fim da corrida. Apenas Alonso, em sexto, e Ricciardo, em nono, tinham compostos diferentes: macios e médios, respectivamente. Esses teriam de trocar pneus de novo, porque a borracha não aguentaria.

A relargada se deu na volta 27, mas não durou quase nada. Houve um engavetamento envolvendo vários carros que tiveram de frear forte no cotovelo do fim da reta gigante de Xangai: Ricciardo tocou na traseira de Piastri e Stroll encheu por trás o Não Precisa Minha Via Não do australiano. Isso, antes da bandeira verde. Logo depois, Magnussen bateu em Tsunoda. O japonês abandonou. O australiano, incrivelmente, seguiu na pista após a pancada. Lance teve de ir aos boxes trocar o bico. Safety-car de novo para organizar aquela bagunça. Deu tempo, nos poucos metros de bandeira verde, de Alonso passar Sainz e ganhar a quinta posição.

Na volta 31, o Mercedão vermelho saiu da frente do líder Verstappen – foi a única vez que se viu Mercedes na frente no domingo – e a prova foi retomada. Ricciardo, que sobrevivera à batida de Stroll, abandonou com claros danos na traseira de seu carro. Três pilotos levaram punições de 10s: Logan Sargeant, Magnussen e Stroll. Em nada afetariam o resultado da corrida, posto que ocupavam a raspa do tacho do grid.

Na volta 39, Pérez passou Leclerc e assumiu a terceira colocação. Charlinho perguntou, com sinceridade, se o tal plano D ainda seria o melhor. “Todos estão no plano D”, respondeu o engenheiro. Leclerc seguia sem saber quais eram os planos A, B e C. Muito menos o D. Foi ficando na pista, por via das dúvidas. A dupla da Ferrari chegaria ao final da prova com apenas uma parada. Esse era o plano D, aparentemente.

Alonso não aguentou muito com seus pneus macios, parou na volta 44 e voltou em 12º, de médios. Daria para chegar nos pontos, mas o resultado final seria discreto para quem largara em terceiro. A corrida ficou ruim. Grandes intervalos entre os primeiros, Verstappen passeando, Pérez em terceiro sem conseguir chegar em Norris – que tinha feito apenas uma parada –, e no fim das contas só mesmo Alonso fazia alguma coisa, recuperando terreno com seus pneus novos. Passou Alexander Albon, Ocon e Hülkenberg em poucas voltas, chegou em Hamilton na 49ª, passou também, partiu para cima de Piastri, ganhou a sétima posição e ali ficou, porque o carro seguinte, de Russell, estava muito à frente.

Verstappen venceu com 13s773 de vantagem para Norris, o segundo. Pérez, Leclerc, Sainz, Russell, Alonso, Piastri, Hamilton e Hülkenberg fecharam a zona de pontos. Fernandinho levou o ponto extra da melhor volta. Em 14º, Zhou ganhou dos organizadores um presente, um totem com seu rosto diante das arquibancadas, onde parou seu carro para festejar com o público chinês. Foi às lágrimas, o rapaz. Que bonitinho.

A tabela de pontos depois de cinco corridas e uma Sprint tem Verstappen na ponta com 110, seguido por Pérez com 85. Leclerc (76), Sainz (69) e Norris (58) formam o grupo dos cinco primeiros. No Mundial de Construtores, a Red Bull tem 195 e a Ferrari, apesar do pouco brilho em Xangai, continua tranquila em segundo com 151. A McLaren foi a 96, abrindo ainda mais sobre a Mercedes (52) e a Aston Martin (40).

A próxima etapa acontece em Miami, no dia 5 de maio.

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XING-LING (3)

Max desfila por Xangai: seis poles seguidas, quinta no ano

SÃO PAULO (absoluto) – Uma vitória e uma pole foram o saldo do sábado para Max Verstappen hoje na cinzenta Xangai. O holandês venceu a Sprint na abertura dos trabalhos do dia, foi almoçar e, algumas horas depois, cravou a pole-position para o GP da China, quinta etapa do Mundial de F-1. Foi a 37ª pole de sua carreira, quinta no ano, sexta seguida. Terá ao seu lado na primeira fila um sereno e, neste ano, eficiente Sergio Pérez. A Red Bull ainda comemorou a 100ª pole de sua história. O terceiro no grid é Fernando Alonso, o interminável, com a Aston Martin.

Não houve nenhuma gigantesca surpresa nas primeiras posições, com exceção de Alonso. A vitória arrebatadora de Verstappen na Sprint já fazia dele um claro favorito à pole, deixando as migalhas para o resto. E ele começou a confirmar tal condição fechando o Q1 com o melhor tempo, 1min34s742, seguido de Leclerc. O vexame da primeira parte da classificação ficou por conta de Hamilton. Horas antes, tinha sido o segundo colocado na corrida curta. Acabou eliminado ao cometer um erro primário em sua última tentativa e ficou em 18º. Uma vergonha absoluta, daquelas de sair do autódromo sem dar entrevista. Mas ele deu, e disse que a Mercedes fez mudanças drásticas no acerto de seu carro, nem estava tão ruim, mas o erro na freada na penúltima curva estragou sua volta, seu sábado, seu jantar e o café da manhã de amanhã.

Hamilton: patética 18ª colocação

Zhou, frustrando a torcida chinesa, abriu a lista dos degolados, que teve ainda Magnussen antes de Lewis e Tsunoda e Sargeant nas duas últimas posições. Aqui, alguns lembretes: na Vai Querer Sua Via?, Ricciardo, que vinha tomando tempo de Tsunoda, avançou ao Q2 com um chassi novo que o time colocou a sua disposição. Pode ser – vejam bem: pode ser – que seu carro original tivesse algum probleminha de construção. O japonês, por seu turno, reclamou muito. “Não é possível ficar em 19º, tem alguma coisa errada com o carro! A volta foi boa!”, indignou-se pelo rádio. E o americano da Williams rodou sozinho de novo. Nada mais justifica sua presença na F-1.

O Q2 começou com Verstappen voando outra vez, cravando 1min33s946 logo em sua primeira volta voadora. Logo depois, a pouco menos de 7min do final, Sainz rodou e bateu na entrada da reta dos boxes. Foi o primeiro erro sério do espanhol no ano. A bandeira vermelha foi acionada, interrompendo a sessão. Sainz conseguiu fazer o carro funcionar e com a frente toda estropiada voltou aos boxes para tentar prosseguir na classificação.

Foram necessários alguns minutos para varrer a pista e tirar a brita espalhada pelo asfalto. Deu tempo para a Ferrari arrumar o bico de Sainz, que foi à luta. A tarefa dele e de todos, de chegar perto de Verstappen, era cruel. Max fez 1min33s794 na sua segunda volta, deixando o segundo colocado naquele momento, Lando Norris, a 0s666 de distância. O número da besta. Pérez, Sainz e Leclerc, nos segundos finais, também superaram o menino maluquinho da McLaren. Ficaram na cancela da eliminação Stroll, Ricciardo, Ocon, Albon e Gasly. Hülkenberg e Bottas foram as boas surpresas que seguiram para o Q3.

Na fase derradeira da classificação, 1min33s977 foi o tempo de Verstappen na sua primeira volta – não muito espetacular. A pista parecia um pouco mais lenta. Alonso fechou a primeira bateria de voltas em segundo, com Pérez em terceiro. A Ferrari foi mal, com Sainz em sexto e Leclerc em sétimo. A folga de Max era considerável, embora tivesse feito uma volta melhor no Q2: 0s394 em cima do espanhol da Aston Martin.

O grid em Xangai: destaque para Alonso em terceiro

E quem tinha mesmo a obrigação de melhorar na segunda saída era a dupla ferrarista. O que aconteceu no cronômetro, mas não nas posições. Quem estava à frente dos carros vermelhos também andou melhor. Max fez sua última volta em 1min33s660. A equipe festejou mais do que o normal, pela marca centenária e, mais ainda, porque no apagar das luzes Pérez conseguiu o segundo lugar, a 0s322 do companheiro. Alonso, Norris, Piastri, Leclerc, Sainz, Russell, Hülkenberg e Bottas fecharam as dez primeiras posições.

Xangai verá um novo passeio do holandês amanhã. Atrás dele a corrida deve ser boa. A largada para as 56 voltas do GP da China está marcada para as 4h de Brasília.

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FOTO DO DIA

A Mitsubishi anunciou que volta à Stock no ano que vem. A marca esteve na categoria de 2005 a 2008 com o modelo Lancer. Em quatro temporadas, foram 48 corridas, dois títulos com Cacá Bueno (em 2006 e 2007), 16 vitórias, 38 pódios e 37 pilotos levando o logo do diamante no macacão. A carcaça será do Eclipse Cross. A Stock vai adotar carrocerias de SUVs a partir de 2025. Toyota e Chevrolet são as outras montadoras que disputam o campeonato. Uma quarta deve chegar.

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XING-LING (2)

Verstappen: rotina de vitórias

SÃO PAULO (no coador é mais forte) – O sábado chinês começou como deve terminar o domingo. Com Max Verstappen ganhando. No caso, a brevíssima Sprint da China, corrida curta de 19 voltas com pontos para os oito primeiros colocados. Embora tenha largado em quarto, posição determinada pela chuva na véspera bem aproveitada pelo pole Lando Norris, Max demorou apenas nove voltas para assumir a liderança da mini prova. Depois, acelerou sozinho para receber a bandeira quadriculada com humilhantes 13s043 de vantagem para o segundo colocado, Lewis Hamilton.

Com exceção de Russell, que largou de pneus macios, todos os outros 19 pilotos optaram pelos médios para a Sprint. Hamilton, segundo no grid, partiu muito bem e Norris, o pole, muito mal. Com pneus frios, o inglês da McLaren tentou se recuperar, contornou por fora a primeira curva, foi para a área de escape e caiu para sétimo. Meio juvenil. Sua corrida acabou ali.

Lewis deu uma estilingada no início da prova, trazendo com ele Alonso em segundo e Verstappen em terceiro. E com o holandês, como diriam os narradores do rádio, sendo chargeado por Sainz, o quarto.

Durou apenas duas voltas o ímpeto do espanhol, porém. Verstappen reclamou que sua bateria não estava lhe fornecendo a potência necessária e prontamente recebeu uma orientação precisa do pitwall. “Posição 8, Max, por favor”, indicou, educadamente, seu engenheiro. Ele foi aos botões no volante. “Só vai até 7, cacete!” “Olhe bem, Max, por favor. É o botão da direita. Tem 8 e 9”, devolveu o engenheiro. “Ah, encontrei”, respondeu o piloto. “Obrigado, Max. Agora, por favor, ganha logo essa porcaria porque meu frango xadrez da China in Box está esfriando.”

Naquele momento, Lewis, quem diria, liderava com surpreendente tranquilidade. Abriu uma boa vantagem de Alonso e até começou a sonhar com um resultado improvável da Mercedes. Já pensou, ganhar uma corridinha com esse carro de merda? Isso ele não falou, mas pensou.

O espanhol da Aston Martin, em segundo, já divisava Verstappen em seu retrovisor. A ultrapassagem era questão de pouco tempo. E assim foi. No final da volta 7, Max passou e foi embora.

Hamilton: segundo OK, mas sem chances contra a Red Bull

Não demorou muito e, na nona volta, Verstappen colou em Hamilton. Estava bom demais para ser verdade, pensou o inglês da Mercedes. No fim da gigantesca reta de Xangai, Max deixou Lewis para trás como se estivesse ultrapassando um BYD. Pouco antes, seu engenheiro havia informado o tempo de volta do rival. “Estou vendo ele, mano. Não precisa me dizer”, respondeu, com alguma irritação, o #44.

Em uma volta, Verstappen abriu 2s de Hamilton. Desapareceu. Já dava para imaginar o que faria na classificação, um pouco mais tarde, e na corrida de verdade, amanhã.

A dinâmica da corrida mostrava que escolher Xangai para uma Sprint não tinha sido uma boa ideia. Verstappen à parte, o resto era um trenzinho sem grandes emoções. Ainda que as asas móveis fossem acionadas a granel, ninguém passava ninguém. A ordem dos vagões, a partir de Alonso, o terceiro, tinha ainda Sainz, Pérez, Leclerc e Norris. Todos próximos. E impotentes.

Até que, na volta 16, Charlinho tentou algo para cima de Checo deflagrando uma série de boas manobras. Não conseguiu de primeira, é verdade. Alonso, o único que não podia usar a asa móvel, segurava os demais na base da experiência. Mas acabou sendo ultrapassado por Sainz e, na confusão, Pérez passou os dois lindamente. Leclerc veio junto. Fernandinho perdeu três posições e foi para os boxes com “danos no carro”, segundo a Aston Martin. Sem mais o que fazer na corrida, abandonou.

Na 17ª volta, Leclerc não quis saber de muita diplomacia e partiu para cima do companheiro Sainz. A briga foi boa, bateram rodas e o monegasco acabou levando a posição. Charles reclamou que Carlos “passou dos limites” na defesa. O espanhol se desculpou. Norris, o sexto, foi outro que pediu desculpas à equipe pela má largada e pelo mau resultado — sexto, depois de largar em primeiro. “Ele não precisa se desculpar. Nós que temos de dar um carro melhor a ele”, perdoou o chefe Andrea Stella.

E a Sprint ficou nisso.

Final da Sprint: 19 voltas sem muita emoção

Verstappen, Hamilton e Pérez foram os três primeiros colocados. Fechando a zona de pontos, Leclerc, Sainz, Norris, Piastri e Russell. Zhou, o moço da casa, ficou em nono. Uma boa posição, mas nessas corridas curtas só os oito primeiros pontuam.

Foi a 13ª Sprint da história da F-1. Elas começaram em 2021. Max ganhou oito delas.

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